quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Magellan VII – Parte VIII



Ano 3115 CH – Ciclo 36 – Semana 4

Atravessar a capital? Você é engraçado, cara. Só porque sua U.M. é melhorzinha...

Só nos restou essa rota. Agora, pode encher a sacola, por favor?

Bem, o problema é de vocês... um barbudo de meia-idade usando um gorro encardido começou lentamente a colocar mantimentos na sacola de Ymir – Já vi alguns malucos morrerem tentando essa proeza. Desde a queda do Cinturão Resplandescente, aquilo lá virou um antro...

O que mais você sabe sobre a situação?

No mesmo instante, o negociante esticou a mão aguardando um novo pagamento. Ymir revirou os olhos perante aquele abuso que estava se tornando comum em todo tipo de comércio e remexeu na mochila, procurando qualquer coisa.

Que tal isso aqui? - retirou um crucifixo translúcido – É de Vitral Diamante, o mesmo material dos prédios do Cinturão.

Oh, isso é interessante, rapaz – com os olhos brilhando, o comerciante tomou o item das mãos de Ymir  – Bem, vai encontrar muito disso por lá, mas não em condições de uso. O Cinturão costumava ser a joia de boas-vindas da capital, mas agora é culpado por seu isolamento... sua destruição ilhou a cidade e mostrou como o Vitral pode ser fatal... bem, ninguém imaginaria que todos os edifícios acabassem em ruínas ao mesmo tempo, né?

Depois disso, Ymir não descobriu mais nada de útil e retornou ao veículo onde Kari montava guarda. Depois de uma última olhada ao redor, ambos entraram na U.M. e só falaram depois de selar as janelas e ativar a flutuação.

Tive de me desfazer do crucifixo de Jano... – Ymir bufou insatisfeito, mas deixou sua frustração de lado ao vê-la tentando se contatar ao comunicador da mãe novamente. À exceção de seus irmãos, desconheciam o paradeiro de toda a família e esse desespero os assaltava frequentemente.

– Dione também não atendeu hoje. Espero que esteja tudo bem lá no Endeavour... bem, ela também tem suas obrigações como médica lá... mas queria que ela retornasse a ligação...

Venha aqui. ele colocou a mão sobre a dela, trazendo-a mais para perto de si e beijando-a demoradamente. A situação extrema que viviam deixava pouco tempo para trocarem carícias, mas às vezes era necessário demais lembrar que ainda tinham um ao outro naquele caos de incertezas.

Entretanto, um baque seco e forte no teto do veículo os puxou de volta para a realidade alguns minutos depois. As conversas do lado de fora eram indiscerníveis, mas um comando forte e malicioso confirmou terríveis intenções.

Batam até esmigalhar!

Droga, justamente agora? sofrendo fortes pancadas na U.M, só restou ao casal ir a toda velocidade para frente. Kari ativou o painel externo e soltou um grunhido de desgosto quando viu os agressores, um bando de moleques com tacos de beisebol manchados de sangue e skates flutuantes de modelo ultrapassado.

Aqueles... Ymir... Kari engoliu em seco. Não esqueceria o rosto dos assassinos do Dalai Lama, não importa quanto tempo tivesse passado.

Eu sei,eu sei. Mas, mesmo que sejam perigosos... eles não podem nos alcançar com essas velharias de 2015! Ymir respirou fundo, concentrado no trajeto a sua frente e tentando ser otimista quanto às condições do próprio veículo, que obviamente não via manutenção desde o começo da viagem.

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